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  • Foto do escritorProf. Gildo Gomes

Augusto Cury, a Bíblia Freemind e o evangelho da psicanálise

Atualizado: 5 de jul. de 2022

Augusto Cury é um dos escritores mais conhecidos e lidos no Brasil, principalmente por professores. É o típico escritor “agua com açúcar” que diz com palavras diferentes mais do mesmo.

Quem ler um livro seu praticamente leu todos. É um ex-ateu reconhecido nacional e internacionalmente por seus livros nas áreas da psicologia, psicanálise e educação. É tão lido entre evangélicos que alguns acham até que ele pertence a alguma denominação protestante. Ele mesmo se declara sem religião: “Acho belo as pessoas que tem uma religião, que defendem o que creem com respeito e que são capazes de expor e não impor suas ideias. Quanto a mim, não tenho nem defendo uma religião. Minhas pesquisas sobre Jesus Cristo me levaram a ser um cristão sem fronteiras.”1 Augusto Cury não esclarece o que significa ser um “cristão sem fronteira”, mas ele explica que quando as pessoas queriam saber o rótulo ou a bandeira religiosa de Jesus, o mestre respondia “Eu sou o filho do homem”, frase que Augusto Cury interpreta como um servo da humanidade. Para Cury o importante é amar e servir as pessoas sem definir o que é esse amor e serviço. Essa postura facilita a vendagem e circulação de suas obras, pois sua abordagem psicológica de Jesus dificilmente desagradará a cristãos, judeus, islâmicos e até certos ateus simpatizarão com o Jesus de Cury. No ano de 2014 foi lançada no Brasil a Bíblia de estudo do Dr. Augusto Cury pela editora Abba Press. Quando já se tem tantas bíblias de estudo, pergunta-se se é necessária mais uma, principalmente quando se trata de alguém que distorce a sagrada escritura em seus livros. Afinal comprei e constatei o que já suspeitava - a Bíblia Freemind – Mentes Livres, usa as lentes da psicanálise para deturpar o evangelho de Jesus. Não é uma Bíblia de estudo com notas como estamos acostumados. É uma Bíblia versão King James com a tese de doutorado de Augusto Cury, inseridas no seu final que “é o resultado de mais de 20 mil sessões de psicoterapia”2. A Bíblia Freemind não é o resultado de estudo sério, sistemático e exegético da Bíblia, até porque o autor nem tem familiaridade com o texto sagrado, basta ler sua pobre coleção de Jesus o Mestre para constatar isso. Em O Mestre da Sensibilidade, Augusto Cury ao mencionar a expulsão dos vendilhões do templo, conclui que “Precisamos aprender com o mestre de Nazaré a fazer uma “faxina” no templo de nosso interior. Virar a “mesa” dos pensamentos negativos. Extirpar o “comércio” do medo e da insegurança. Reciclar nossa rigidez e rever o superficialismo com que reagimos aos eventos da vida.”

3 Augusto Cury falar de “faxina” da alma, jamais fala sobre o novo nascimento. Também não define o conceito de pecado segundo a Bíblia, pois assim como não explica a limpeza interior segundo Jesus não pode falar da sujeira do coração segundo a escritura. Augusto Cury diz que o problema fundamental do homem não é o pecado e, sim, “a debilidade física do corpo e a incapacidade de gerenciar pensamentos e emoções.”4 Dessa forma nem o ensino e nem a pessoa de Cristo são apresentados nas obras de Cury conforme o texto canônico. Ao invés de um retrato fiel de Cristo e seu ensino o que temos é a caricatura de um evangelho da autoestima que exalta o homem e não a Deus. A regra de que a escritura interpreta a escritura não é levada em conta por Augusto Cury e, sim, uma interpretação da Bíblia à luz da psicanálise. Ao interpretar João 17.26 ele diz que “A análise psicológica dessas breves palavras tem grandes implicações que se contrapõe a conceitos triviais.”5 Augusto Cury enfatiza o livre-arbítrio do homem e nega a soberania de Deus. Para ele Deus não é Deus. Faz referências a um projeto de Deus, porém é uma espécie de sonho divino que a qualquer momento pode ser interrompido pelo homem. Em outras palavras seria um projeto que pode ser frustrado pelo ser humano (Jó 42.2). No livro Os Segredos do Pai-Nosso, ele conclui: “Deus e o ser humano são dois seres solitários que vivem no teatro da existência procurando ansiosamente um ao outro no pequeno parêntese do tempo...”6 No livro Mestre da Vida, Augusto Cury chega ao ponto de frisar que “Apesar de saber todas as coisas, Deus não intervém na humanidade da forma como gostaríamos e como ele desejaria intervir. Caso contrário, passaria por cima dos seus próprios princípios. Transgrediria a liberdade que dá aos seres humanos de seguirem seu destino na pequena bolha do tempo.” 7 No evangelho de Augusto Cury existe uma busca ansiosa entre Deus e o homem a fim de ambos se encontrarem e resolverem o problema da solidão e no final das contas a liberdade humana é quem determina o exercício da soberania divina. Deus é um mero expectador enquanto o homem segue o seu destino. Os ensinos de Cury já eram perigosos para a fé cristã na publicação de livros, tornaram-se mais ameaçadores com a Bíblia Freemind – Mentes Livres. O pastor Oswaldo Paião disse na apresentação da Bíblia Freemind: “Jesus – no modelo científico abordado pelo Dr. Cury em seus vários livros, e especialmente em FREEMIND – é o arquétipo, o paradigma da saúde mental e o Mestre no uso do nosso potencial criativo às ultimas e melhores consequências”.

Numa época onde o púlpito evangélico tornou-se um centro irradiador de pregações antropocêntricas centralizadas no ego e autoestima, a Bíblia de Augusto Cury veio para colocar gasolina no fogo do amor próprio. O próprio Augusto Cury é o fundador do PAIQ – Programa da Academia de Inteligência de Qualidade de Vida que tem doze capítulos com doze leis de qualidade de vida. Qualquer semelhança com o G12 por causa do número é mera coincidência. O programa pretende plantar no coração das pessoas “a sementes de “ser autor da própria história”, de “contemplar o belo para expandir o prazer de viver”, de “gerenciar os pensamentos”, da “arte do diálogo”, da “proteção da memória” dentre outras.” 9 O programa enfatiza a mesa redonda do “Eu” para um constante diálogo consigo mesmo. Nada de natureza pecaminosa no homem e portanto, nada de novo nascimento e nem de santificação. Para Augusto Cury os recursos para resolver os problemas interiores do ser humano estão dentro do próprio homem e não fora dele mesmo, e por isso nunca precisará nem se arrepender de seus pecados e nem clamar por um libertador. É o pelagianismo em versão psicanalítica.

Referências Bibliográficas

[1] CURY, Augusto. Nunca desista de seus sonhos. 1ª. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2004. p 132

[2] CURY Augusto. Bíblia Freemind – mentes livre, emoções saudáveis. Abba Press, 2014 p. 1320

[3] CURY, Augusto. O Mestre da Sensibilidade. 1ª ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2006. p 84

[4] CURY, Augusto. O Mestre da Vida. 1ª ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2006. p 144

[5] CURY, Augusto. O Mestre da Sensibilidade. 1ª ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2006. p 79

[6] CURY, Augusto. Os Segredos do Pai-Nosso. 1ª ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2006. p 141

[7] CURY, Augusto. O Mestre da Vida. 1ª ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2006. p 144

[8] CURY Augusto. Bíblia Freemind – mentes livre, emoções saudáveis. Abba Press, 2014 p. 1320

[9] CURY, Augusto. 12 Semanas para mudar uma vida. 1ª ed. São Paulo: Academia, 2007. p 14



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