CHAMAR A ESPOSA DO PASTOR DE PASTORA É ALGO BÍBLICO?
- Prof. Gildo Gomes
- 15 de abr. de 2022
- 4 min de leitura
Atualizado: 24 de abr. de 2022

Há algumas décadas comemorava-se em muitas igrejas evangélicas o Dia do Pastor. Hoje percebe-se que a comemoração passou a chamar-se de Dia do Pastor e da Pastora. E nem sempre se trata de uma denominação evangélica que ordena mulheres ao pastorado, pelo contrário boa parte delas até se dizem contrárias ao presbiterato feminino.
Essa atitude é apenas porque a igreja passou a considerar a mulher do pastor como pastora e a trata-la como tal. Essa mensagem é vista já na posse de um novo pastor numa congregação quando frequentemente se escuta a esposa do pastor ser chamada de pastora. Há pastores que inclusive chegam a dizer que sua esposa é 50% de seu ministério; e outros com ar de triunfo afirmam que sua mulher é responsável por 90% de seu trabalho ministerial. Um exemplo disso, é que muitas delas exercem uma influência tão forte que acabam tomando na prática o oficio do presbitério da igreja, pois são as esposas dos pastores as primeiras a saberem e participar de decisões sobre questões importantíssimas da igreja local como disciplina de membros e separações ao sagrado ministério. E assim em certas denominações consideradas oficialmente contrárias a ordenação feminina, as esposas dos pastores gozam dessa posição por vínculo matrimonial. Acredito que isso não é apenas uma questão de honrar a mulher do pastor, mas antes de tudo uma forma de preparar o terreno para aprovação do futuro ministério pastoral feminino. Os defensores da ordenação de pastoras inclusive dirão que é uma maneira de quebrar os preconceitos para algo que não é mais possível a igreja acreditar, sem contar que a palavra machismo será sempre lembrada como um mantra para encerrar o assunto sem exigir a real interpretação dos textos bíblicos sobre a questão. Existe atualmente um enorme debate sobre a ordenação pastoral feminina. Temos os igualitaristas e diferencialistas. Os primeiros acreditam que Deus criou o homem e a mulher iguais em natureza e papéis e que qualquer diferença entre ambos inferioriza a mulher e por isso, homem e mulher podem assumir o pastorado numa congregação. Os diferencialistas por sua vez, acreditam também na igualdade entre homem e mulher, porém creem que desde a criação homem e mulher receberam papéis diferenciados tanto na família como na igreja e que por isso, é vedado a mulher o exercício do pastorado. Mas enquanto a controvérsia segue e as denominações vão tomando suas posições, existem aquelas que sem aceitar ou fingirem que rejeitam a ordenação feminina, reconhecem na prática as esposas dos pastores como pastoras e dessa forma são vistas e tratadas pelos membros da congregação. Aludem que a esposa faz parte do ministério do pastor, portanto a atribuição é justa. Se assim é verdade, então os filhos do casal são os pastorzinhos. Mas no caso da esposa o raciocínio funciona mais ou mesmo assim: como ambos são uma só carne então serão também um só ministério. Mas por esse mesmo raciocínio antibíblico as mulheres dos presbíteros e diáconos serão igualmente as presbíteras e diaconisas afinal são casadas com homens que assumem essas funções ministeriais e também são uma só carne com seus esposos. O interessante é que no caso dos apóstolos a Bíblia diz “Porventura não temos o direito de levar conosco uma crente como esposa, como também os outros apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?” (1Co 9:5). Se essa moda existisse entre os apóstolos, suas esposas seriam as apóstolas e Pedro viajaria com a sua apostoliza. Imagine o desastre que seria se essa prática eclesiástica de conceder o título e o tratamento de uma mulher pela função do seu marido fosse adotada pela sociedade. Uma esposa de um prefeito seria uma prefeita, de um juiz uma juíza, de um médico, uma médica e assim por diante. Mas porque não se faz isso? Simplesmente porque é sem sentido e ilógico. Enquanto algumas denominações já reconhecem as mulheres como pastoras pela ordenação; outras para não chocar os crentes mais antigos, rejeitam a ordenação feminina, mas não veem nada de errado as esposas dos líderes serem pastoras via matrimônio. Ou seja, o casamento que uniu a carne também já uniu o ministério e a esposa do pastor é também uma pastora. E como no presente não há resistência dessa prática, num futuro próximo com a aprovação do ministério pastoral feminino a mente dos membros já acostumada com as “pastoras pelo casamento”, não terão dificuldades de aceitar as “pastoras pela ordenação”. E já que alguns crentes chamam o pastor de “anjo da Igreja”, como serão mesmo chamadas as atuais esposas pastoras ou futuras pastoras? Será a “anja do Senhor”? No caso das pastoras pelo casamento os membros usarão o plural “anjos do Senhor”, referindo-se ao pastor e sua esposa pastora, pois “anja” suscita problemas teológicos e soa muito estranho. Amados, chamar a esposa do pastor ou líder de pastora não é bíblico e algo sem sentido. Ao invés de honrar resulta em problemas para a congregação. Ela é uma membra do corpo de Cristo similar a você e não existe honra maior.
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