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  • Foto do escritorProf. Gildo Gomes

FREUD - VIDA, ATEÍSMO, DEPRESSÃO E MORTE



“Neurose”, “Complexo de Édipo”, “Id, Ego e Superego”, são expressões freudianas. Sigmund Freud, pai da psicanálise, nasceu em 6 de maio de 1856, em Freiberg na Morávia. Seu nome Sigismund Schlomo foi uma homenagem ao avô paterno, escrito na Bíblia da família por seu pai, Jacob Freud. Depois dos 20 anos e na Universidade de Viena, na Áustria, seu nome foi mudado para Sigmund Freud. O relacionamento com os pais foi cheio de desafios, principalmente com seu pai Jacob, a quem Freud considerava um fracassado e um anti-herói por resignar-se com as afrontas antissemitas da época. Jacob era judeu ortodoxo e falava hebraico com fluência e na sua residência a família celebrava o Purim e o Ano Novo. Muito do conhecimento bíblico de Freud, principalmente do Antigo Testamento aprendeu com seu pai. No aniversário de 35 anos Jacob Freud enviou ao filho uma Bíblia de presente com uma dedicatória chamando-o de "Meu querido filho" e em hebraico numa parte da carta dizia: "Agora, no seu trigésimo quinto aniversário, eu tirei o pó dela [a Bíblia] e a estou enviando a você, como prova de amor do seu velho pai." Apesar da influência religiosa judaica, Freud tornou-se um "ateu de cabo a rabo" como ele mesmo dizia. Seu ateísmo foi abalado uma vez ao ouvir aulas de filosofia e ética e chegou a dizer: “Sou um ateu apenas por necessidade... e sou incapaz de refutar os argumentos dele", referindo-se ao filósofo e ex-padre, Franz Brentano.

Entretanto até o fim de sua vida aos 83 anos, Freud continuou ateu e disse que "Eu... não tenho temor nenhum do Todo-poderoso. Se nós viermos a nos encontrar um dia, provavelmente terei mais queixas contra Ele, do que ele poderia ter contra mim." Freud chegou a considerar a Igreja Católica um inimigo maior que os nazistas. E apesar de ateu convicto suas cartas estão cheias de expressões como "o bom Senhor"; "Deus altíssimo"; "minha oração secreta"; “se Deus quiser"; “pela graça de Deus"; entre outras. Freud tinha vergonha do judaísmo e de suas práticas religiosas. Chegou a cogitar tornar-se protestante antes de casar-se com Martha só para evitar a cerimônia religiosa. Foi alvo de preconceito por causa de suas origens. Seu sonho de uma cadeira de prestígio na Universidade de Viena, esperou 17 anos para realização, enquanto seus amigos foram promovidos em 4 anos já que não eram judeus. Com a invasão nazista ele fugiu para Londres aos 82 anos devido sua ascendência judaica. Franklin Roosevelt, presidente dos Estados Unidos foi quem o ajudou na fuga. Freud era de família pobre e não tinha recursos para casar-se. Esse problema tentou resolvê-lo com dinheiro emprestado de amigos. Escreveu para a sogra a fim de que ela conseguisse um empréstimo com sua irmã rica. Em resposta a mãe de Martha chamou-o de "criança mimada que não consegue o que quer e chora, supondo que com isso seja capaz de conseguir tudo". Sem condições de casar seu noivado durou 4 anos e para piorar, Martha foi morar em Hamburgo, Alemanha. Não podendo visitá-la, escrevia cartas quase todos os dias. Ao todo foram 900 cartas de Freud para sua noiva. Martha foi o grande amor de Freud, apesar de aos 16 anos ter se apaixonado tanto por Gisela Fluss que ao saber de seu casamento desejou o suicídio. Freud preferia mulheres loiras e apesar de considera-las mais éticas que os homens, para ele lugar de mulher era em casa. Ao contrário do bordão Freud explica, ele disse que não entendia as mulheres: "a grande questão que não fui capaz de responder ainda, apesar dos meus trinta anos de pesquisa da alma feminina é: o que uma mulher quer?". Freud casou com Martha e o casal teve 8 filhos e alguns percalços como a proibição de Martha guardar o sábado; ficar sempre do lado dele nas discussões familiares; e o mais estranho, Freud aos 37 anos escreve ao amigo Fliess e diz que vive em abstinência sexual com sua esposa. Tudo indica que após o nascimento de sua última filha, Ana, Freud não teve mais relações sexuais com sua esposa. O porquê disso é objeto de discussão, porém numa palestra em 1916, Freud expressou: "Podemos... descrever uma atividade sexual como perversa se ela desistiu da reprodução para perseguir a obtenção de prazeres como objetivo independente disso." Deduz-se então que Freud não queria mais sexo com a esposa porque acreditava ser algo apenas reprodutivo. É curioso que o homem associado a revolução sexual teve uma postura conservadora no trato familiar: a) Freud precavia os filhos contra os perigos da masturbação; b) Decidiu com sua filha Ana aos 19 anos que se cassasse somente uns 3 anos depois, o que nunca aconteceu; e c) Freud foi um esposo fiel e monogâmico. Uma vez ao praticar tratamento hipnótico numa paciente, a mulher ao retornar jogou-se nos seus braços no momento em que uma servente entrava no consultório. O constrangimento foi tão grande para ele que desistiu da hipnose. Ao longo de sua vida lutou contra muitos problemas, mas sua luta contra a depressão foi a mais terrível de todas. Nem mesmo sua complicada cirurgia por causa de seu câncer de laringe devido sua dependência da nicotina com os vários maços de cigarro que fumava diariamente se compara a luta contra a depressão. A perca de seu pai igualmente o afetou muito. Ao escrever "As Interpretações dos Sonhos", Freud disse no prefácio da segunda edição que "esse livro tem um significado pessoal a mais para mim... Representa, acho eu, uma parte da minha autoanálise, minha reação à morte do meu pai." A morte de seu pai o arrasou. Em vida Freud demonstrava certa rejeição ao pai e amor a mãe, mas compareceu ao enterro do pai e não foi ao da sua mãe por decisão própria. É um exemplo histórico daquilo que a própria psicologia afirma que quanto mais negativos os sentimentos não resolvidos pelo membro da família morto, especialmente os pais, maior é a dificuldade de lidar com a perda. Freud percebeu a grande importância de seu pai após a morte. Como ele próprio disse: "a morte do velho afetou-me profundamente. Eu o valorizava muito, entendia-o muito bem, e, com sua mistura peculiar de profunda sabedoria e extraordinário bom coração, ele teve um efeito significativo sobre minha vida." Porém sua depressão durante toda sua vida tem razões mais profundas. Freud dizia ser "melhor do que a grande maioria das pessoas." Ele declarava abertamente que "amar ao próximo como a si mesmo", era tolice e algo impossível. "Preciso confessar que [o meu próximo] tem mais direito à minha hostilidade, ou até mesmo ao meu ódio." O mandamento bíblico de "amar o próximo como a si mesmo", Freud só aceitaria se fosse "amar o teu próximo como o teu próximo te ama." Em seu amor ególatra e exaltação de si mesmo, Freud decidiu queimar no início de sua carreira documentos para dificultar a vida de seus futuros biógrafos, tal era o desejo por fama. "Eu destruí todos os meus diários dos últimos 14 anos, com cartas, notas científicas e os manuscritos das minhas publicações... Deixem os biógrafos ficarem chateados; não queremos facilitar demais as coisas para eles. Deixemos que cada um deles acredite que está certo em sua ‘Concepção de Desenvolvimento do Herói’: divirto-me desde já só em pensar como todos eles ficarão perdidos." Num momento culpou sua noiva por não ter a fama que almejava.


Suas depressões eram tão intensas que Freud usava cocaína para alívio das dores. Em agosto de 1884, Freud escreveu à sua noiva que "nos últimos 14 meses eu só tive três ou quatro dias felizes... Em meu último acesso de depressão severa, eu tomei coca de novo e uma pequena dose bastou para me elevar às alturas de uma forma maravilhosa." Freud também tinha enorme fobia com a morte. Usou até uma superstição numerológica ao dizer que morreria aos 41 anos; depois aos 61; aos 62; e aos 70 disse que com certeza morreria aos 80. Ele sonhava o tempo todo com a morte e seu médico dizia que tinha uma preocupação "supersticiosa e obsessiva". Em 22 de setembro de 1939, um dia antes de sua morte, sua última leitura foi “A Face Fatal”, de Balzac. No dia seguinte Freud pede ao seu médico que ponha fim à sua vida. Às 3 horas da madrugada morre por eutanásia. Após sua filha ser informada, o médico injetou uma dose pesada de 2 centigramas de morfina, ação repetida 12 horas depois. Mas, por que “A Face Fatal” como última leitura de Freud antes da morte? Não é tão fácil descobrir o motivo, mas na obra o herói Rafael, um cientista talentoso que deseja fama e fortuna, ver-se com pouco reconhecimento e fracassado, planeja o suicídio. Parece que Freud identificou-se com Rafael, inteligente, porém sem a notoriedade que tanto desejou e lutou. Infelizmente Freud viveu e morreu o inverso daquilo que Thomás de Kempis ensinava aos monges no século XIV: “Quem se conhece bem despreza-se a si mesmo e não se compraz nos louvores dos homens”. Após sua morte, Freud foi cremado.





Referências Bibliográficas

JR, Armand M. Nicholi. Deus em Questão C. S. Lewis e Freud. Viçosa, MG: Ultimato, 2005

FREUD, Sigmund. A Interpretação dos Sonhos. Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira, 2018.

DALRYMPLE, Theodore. Evasivas Admiráveis. São Paulo: É Realizações, 2017.

KEMPIS, Thomás de. Imitação de Cristo. Jandira, SP: Principis, 2019.



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